sábado, 11 de fevereiro de 2017

UM HERÓI DO PASSADO QUE TEM FUTURO

Henrique Paiva Couceiro
(30.12.1861 — 11.02.1944)
Acabei agora mesmo, a propósito da efeméride histórica de hoje, de reler, mais uma vez, a biografia de Henrique Paiva Couceiro, escrita por Vasco Pulido Valente.
O autor não resiste a tentar apoucar, aqui e ali, o Herói Português. No entanto, o livrinho tem méritos. A saber: é mais uma achega para a criação de hábitos de leitura na área da arte da biografia; género raro em Portugal, vá-se lá saber porquê — por falta de homens interessantes no nosso passado histórico não será, certamente. Por outro lado, VPV demonstra maus fígados (fruto das libações perigosas?...) na análise que faz de certos episódios da vida e obra de Paiva Couceiro, mas até assim desperta no leitor curiosidade de conhecer o eterno capitão. Falo por mim.
Devo confessar que, estranhamente, na idade do culto dos heróis — nacionais e outros —, sendo eu já monárquico militante, nunca coloquei Paiva Couceiro no meu altar de santos, heróis e sábios. E hoje, na maturidade da meia idade, já sei identificar a causa da coisa: cá para mim, Mouzinho de Albuquerque ocupava, em toda a plenitude, o lugar que outros reservavam a Couceiro. Continuo fiel a Mouzinho, mas este livrinho deu-me uma enorme vontade de partir à (re)descoberta de Henrique Paiva Couceiro — homem de fé profunda e carácter férreo. Características estas caídas em desuso, e que devem incomodar bastante os intelectuais a que hoje temos direito; os quais, no que diz respeito a consistência de valores e personalidade, são, em geral, pouco mais do que gelatina.
Leia-se, pois.