quinta-feira, 10 de março de 2016

AFINIDADES ELECTIVAS

Escrevi aqui em tempos que, quando as conversas entre pessoas que não se encontram há anos começam como se tivessem sido interrompidas no dia anterior, estamos perante uma comunhão espiritual só acessível a amigos que se fizeram nos tempos puros da desinteressada e desinteresseira — mas mil vezes interessante — idade da adolescência.
Tive recentemente uma prova provada disso quando reencontrei Primos que não via desde a infância; sendo que, neste caso, a afinidade foi potenciada por um marcante Bisavô que temos em comum e cuja memória nos foi passada por nossos Avós e Pais.
Contudo, inesperado mesmo, cá para mim, foi outro convívio social, igualmente recente, em formato de sarau musical, estilo século XIX, em que, também aí, as conversas entre as pessoas, que nem sequer se conheciam, muito menos eram parentes ou amigas de longa data, começaram como se tivessem sido interrompidas no dia anterior...! Estamos, aqui sim, talvez, perante a forma mais radical, e inesperadamente agradável, de comunhão espiritual.