segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (41)

Ao tentar - baldadamente - ordenar a desordem dos papéis, tive o gosto de encontrar um opúsculo sobre Portugal, editado pelo antigo SNI, provavelmente lá por meados dos ´60, e dirigido aos jovens filhos de emigrantes portugueses espalhados pelo mundo. Com grande quantidade de fotografias, o volume oferece uma interessante viagem pelo Portugal pluricontinental, enquanto informa acerca da realidade sócio-económica das diversas parcelas da Nação. Como não podia deixar de ser, Este nosso Portugal, já à partida, recorda quem somos, de onde viemos e por que razão defendemos a nossa maneira de estar no mundo. O texto seguinte, em forma de carta, introduz a publicação. Não necessita maiores explicações a oposição antitética, não apenas entre as concepções de Portugal, mas, sobretudo, entre os valores transmitidos à juventude daquele tempo e aqueles que vêm sendo inculcados - muito democrática e sofisticadamente – há quase quatro décadas.

Amigo:

Este livro é teu. Ele quer ser o lenço com que a Pátria - tua mãe - te acena saudosamente e te diz "até à vista".

Este livro é teu. Nele encontrarás pedacinhos de tudo que amaste, de tudo o que falou ao teu coração. Quem sabe se lá nesse país distante que te acolheu, ao folheares as suas páginas, não sentirás duas lágrimas, amargas e doces, brotarem dos teus olhos que sabem recordar...

Este livro é teu. Vai falar-te da Pátria que não te esquece, contar-te coisas que conheces e outras que ignoras porque o tempo não pára e é preciso andar em frente. Falar-te do Portugal terra-mãe e do Portugal que a tua raça espalhou pelo mundo, para ao mundo levar uma mensagem de Fé e de Amor.

Este livro é teu, emigrante amigo. Ele é um pouco desta Pátria que te ama e fica à tua espera, como mãe estremosa, para na hora da chegada dizer-te "Sê bem-vindo, meu filho!".
 
Marcos Pinho de Escobar