segunda-feira, 14 de outubro de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (38)

Sempre nutri um supremo respeito pelos conceitos de Nação e do seu correlato,  a nacionalidade. No entanto os tempos mais ou menos recentes, as uniões europeias e as não tão – ou não mais – europeias, o mundialismo avassalador, a psicose do multi-culti e demais sandices descaracterizadoras profanaram a outrora sagrada qualidade de pertença natural e histórica a um povo específico. Relativizada e reduzida a uma mera categoria burocrático-classificadora, a nacionalidade, que deveria ser herdada ou, nas devidas e honrosas excepções, comprovadamente merecida, vale agora tanto quanto um ticket-refeição, uma camisola de equipa futebolística ou um acessório de moda. Em tempos de direitos especiais, melhor dito: privilégios, à disposição de qualquer grupo com uma agenda própria, quero aqui propor a criação de mais uma associação de interesse especial: os “anacionais”. Na era dos sem-papéis, dos sem-tecto, dos sem-terra, etc., cumpre fundar o grupo dos sem-nacionalidade, daqueles que recusam o aviltamento de tão nobre conceito e preferem, então, ser classificados em uma nova categoria – com direito a BI e passaporte distintos – talvez transparentes –, subsídios camarários, protecção legal anti-discriminatória, direito a manifs no dia do “orgulho anacional”, etc.  Quem alinha?

Até para a semana, se Deus quiser.

Marcos Pinho de Escobar