sexta-feira, 28 de junho de 2013

CARTEIRA DE SENHORA

DIA 73

A carteira não meteu prego nem estopa nesta crónica. Quis falar do tempo na última, agora sujeita-se. A umas linhas curtas e frias, sem rebuscamentos, directas ao assunto.

Não pondo em causa as pessoas em si, apenas uma pequena listagem. Um exercício no fim do ano escolar:

Presidente da República: escolhido pelos partidos (pensem bem e verão que assim é)

Deputados: escolhidos pelos partidos (idem)

Tribunal Constitucional: maioria dos juízes escolhidos pelos partidos

Tribunal de Contas: Presidente escolhido pelo governo (partidos)

Provedor de Justiça: escolhido pelos partidos

Banco de Portugal: Governador e Conselho de administração nomeados pelo governo (partidos)

Autoridade da Concorrência – Conselho nomeado pelo governo (partidos)

Erse – Conselho de administração nomeado pelo governo (partidos)

Anacom - Conselho de administração nomeado pelo governo (partidos)

Instituto de Seguros de Portugal: Conselho Directivo nomeado pelo governo (partidos)

CMVM: Conselho Directivo nomeado pelo governo (partidos)

Empresas públicas e municipais: órgãos directivos escolhidos pelo governo ou câmaras (partidos)

E por aí fora, sem falar das influências directas e indirectas nos meios de comunicação, nem das promiscuidades com empresas privadas, desde gabinetes de advogados à banca.

Não esquecendo ainda que, para criar um partido são precisas 7.500 assinaturas, mas para uma iniciativa legislativa de cidadãos já são 35.000 e para uma candidatura independente a cada órgão autárquico há que fazer contas (nº de eleitores da autarquia / 3 x nº de membros do órgão) e arranjar proponentes a cada quatro anos.

Perceberam? Chamam-lhe democracia. Há quem genuinamente acredite que é mesmo assim que deve ser o mundo.

Onde é que entram aqui as pessoas? Num mundo girando unicamente à volta de partidos, dão-nos a entender que a participação é filiar-se num. E depois obedecer à esquadria. 

Onde é que entram aqui as comunidades? Onde é que estão as antigas liberdades? Onde os direitos dos forais? Já se foram há séculos, sorrateiramente, até não sobrar nada. Absolutamente nada.

Leonor Martins de Carvalho