segunda-feira, 10 de junho de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (20)

10 de Junho de 2013. Já foi conhecido como Dia da Raça, Dia de Portugal.  Costumava ser o dia da manifestação de profundo respeito por todos aqueles que cumpriam o sacrifício supremo de dar a vida pela Pátria, na defesa da sua integridade, física e moral.  O que é hoje?  Fica, claro está, a interrogação… cuja resposta é nada mais nada menos do que a definição do próprio fenómeno nacional. 

Não tenho pachorra para escutar a torto e a direito considerações doutas ou ignorantes sobre um Portugal “mercearia” que não conheço nem reconheço.  Pobres tipos que se julgam muito modernos e sofisticados porque “pensam” com uma calculadora barata de quatro operações, e para quem o PIB é o sacrossanto parâmetro para aferir a realidade!  Para tal gente não há alma, só matéria; não há moral nem valores, apenas lucro e prejuízo; não há passado ou futuro, só o presente; não há mortos ou por nascer, apenas os consumidores presentes. Na sua concepção degenerada Portugal é um negócio, um albergue, um sítio; pouco lhes dá quem é o patrão, quem são os empregados ou os clientes, o produto ou serviço que vende – o que interessa é o cifrão. 

Um dos nossos Maiores afirmou que a Nação é sobretudo uma “entidade moral, que se formou ao longo dos séculos pelo trabalho e solidariedade de sucessivas gerações, ligadas por afinidades de sangue e de espírito, e a que nada repugna crer, esteja atribuída no plano providencial, uma missão específica no conjunto humano.  Só esse peso dos sacrifícios sem conta, da cooperação de esforços, da identidade de origem, só esse património colectivo, só essa comunhão espiritual podem moralmente alicerçar o dever de servi-la e dar a vida por ela. Tudo pela Nação, nada contra a Nação – só é uma divisa política na medida em que não for aceite por todos. E de facto não é.”

Aí está, em resumo, toda a teoria da Nação: comunidade natural e histórica única e irrepetível, comunhão de sangue e de espírito,  obra material e moral de todas as gerações, património sagrado. É graças a ela que somos; é através de nós que ela perdura. Como sustentava Maurras, a Nação é “mãe e filha dos nossos destinos”. Ignorar ou rejeitar esta dupla vinculação é receita infalível para o desastre:  para deixar de ser Nação para ser país.  E daí ao estado de “mercearia” é um salto.

Nada pela mercearia, tudo contra a mercearia! Tudo por Portugal, nada contra Portugal!

Até para a semana.

Marcos Pinho de Escobar