segunda-feira, 6 de maio de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (15)

Diziam as mentes muito sofisticadas que Portugal, para ser moderno, teria que desvencilhar-se do Trono e do Altar - e assim foi feito. Diziam os bem-pensantes que Portugal, para ser moderno, teria de "partir-se em partidos" e viver em permanente guerra civil. Diziam os arautos da evolução que Portugal, para ser moderno, deveria ter o "bem" e o "mal" definidos pela aritmética. Diziam as criaturas muito evoluídas que Portugal, para ser moderno, teria de correr com gentes e terras que eram parte integrante do corpo nacional, entregando-as ao comunismo soviético, ao custo do sangue de milhões de inocentes. Diziam os solícitos luminares que Portugal, para ser moderno, deveria abdicar da sua soberania e diluir-se em algo que dá pelo nome de União Europeia. Diziam incontáveis sumidades que Portugal, para ser moderno, deveria proceder à liquidação da agricultura, das pescas, da indústria. Diziam os de inteligência muito afiada que Portugal, para ser moderno, deveria reger-se segundo a cartilha e os interesses de outros “grandes” países. Diziam os de mentalidade muito evoluída que Portugal, para ser moderno, deveria liberar a tortura e a execução dos nascituros, inocentes e indefesos. E que deveria fazer da sua nacionalidade um ordinário papelinho entregue a quem quer que aparecesse por estas bandas. E que deveria considerar “matrimónio” o emparelhamento de pessoas do mesmo sexo. Pois assim tem sido feito: com afinco, alegria e a certeza de um serviço bem prestado. Mais modernos do que isto é impossível. Falta muito pouco para atingirmos a plenitude da modernice.  

Até para a semana.

Marcos Pinho de Escobar