sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

CARTEIRA DE SENHORA


DIA 49

Imperdoavelmente a carteira esqueceu-se de referir que a última crónica teve a contribuição inesperada, generosa e preciosa de mais três pares de mãos. Estando a ficar cansada de escrever através deste inábil par, agradeceu a novidade e até pediu para repetir a festa. Não lhe vou tirar a esperança.

E sendo a primeira crónica de 2013, é mesmo obrigatório falar de esperança. Precisamos dela como nunca.

Esperança em Deus, que nos abençoe para podermos enfrentar os violentos caminhos que nos trilharam.

Esperança em nós próprios, na nossa capacidade de sobreviver como protagonistas nesta espécie de filme de antecipação futurista em cenário dantesco.

Esperança nos outros – na família, nos amigos e na comunidade – no seu amor que nos fortalece e na bondade da sua partilha.

Esperança nos portugueses, sempre capazes de tanto, e após anos manietados e até esquecidos da sua própria voz, distorcida entretanto por senhores supostamente escolhidos mas que nem conhecem, em conseguirem arranjar novas formas de se organizar, provocando e participando em mudanças.

Esperança na construção de um futuro diferente para Portugal e para o mundo.

Na classe política não deposito muita esperança, para não dizer nenhuma (serei só eu?), mas podemos sempre confiar que finalmente se lembrem de, num dia longínquo, terem aprendido o significado dos vocábulos (tão simples!) honra, palavra, consciência e valores e as ponham em prática.

Diz o povo que a esperança é a última a morrer. Que povo sábio, o nosso…

Não nos podemos dar ao luxo de perder a esperança, porque a desesperança, embora possa dar muito jeito a alguns, condena um povo à prisão perpétua e pode até matar.

Tenhamos esperança então, mas não esperemos. Há que fazer acontecer. Se acreditarmos em nós tenho a certeza de que a esperança afinal é realidade. Já hoje.

Leonor Martins de Carvalho