terça-feira, 17 de janeiro de 2012

EXPRESSO DO OCIDENTE

Quinta-feira, 12 de Janeiro
A propósito das sucessivas nomeações de boys com que o governo tenta bater todos os recordes, já de si elevados, alcançados em tempos pelo inesquecível aparelho socrático, pilho o texto que segue de uma crónica de Tiago Mesquita publicada no Expresso online; é que a peça, que reza como segue, diz quase tudo pelo que me poupa algum trabalho: "Esta mama que não tem fim à vista. A partidarização de tudo o que é empresa e entidade pública. Uma eterna dança de cadeiras a que assistimos a cada mudança de cor política no governo é a prova de que Portugal é um país de tachos, de políticos sem vergonha ou carácter, sem objectivos que ultrapassem o do agradar aos padrinhos e agradecer a correligionários, aos cúmplices e amigos de lutas partidárias, e que nada têm a ver com o espírito de entrega e serviço público que deviam demonstrar. A política portuguesa é uma fraude e fede. Estes políticos não querem ser metidos todos no mesmo saco, mas nasceram todos da mesma ninhada". Bingo!

Sexta-feira, 13 de Janeiro
Justificando a acção num curioso conceito de dumping que dificilmente convencerá muita gente, a ASAE apreendeu resmas de litros de leite em unidades do Pingo Doce e do Continente visto que estes, aos olhos da peculiar polícia e de uma associação do sector que se fez queixosa, o vendiam a preço demasiado barato - sendo sabido que, ao invés do dr. Catroga, dos restantes boys e das maçonarias, todos temos que apertar o cinto sem piedade. A questão é esta: e quem é que um destes dias apreende a ASAE?...

Sábado, 14 de Janeiro
Depois do estalinismo higiénico ter anunciado há dias o seu regresso através de uns estudos que asseguram ser perigosíssimo para o comum dos mortais que um só pecador possa fumar um cigarro à porta de cafés e de restaurantes - os fumadores que o digam, ao frio e à chuva enfrentando com valentia pneumonias e outras maleitas decorrentes do ar puro mas frio -, o Expresso volta hoje a tratar o tema, uma espécie de sempre em festa nunca suficientemente resolvido aos olhos da Direcção Geral de Saúde - instituição que, como é do conhecimento público, faz questão de que possamos todos morrer a fazer marcha atlética e, o que é mais importante, cobertos de saúde. Ora, a fazer fé na gazeta do dr. Balsemão, desta feita serão alvo principal as máquinas de venda automática de cigarros, numa inovadora medida que certamente pretende dar força às empresas de vending em época de dificuldades. A par, a renovação da ameaça de proibição total de fumar nos espaços fechados, mesmo naqueles que gastaram largos milhares de euros na adaptação à lei em vigor. Se me permitem, eu explico a estupidez de uma medida desta categoria com um exemplo relativamente simples: não falta quem defenda que Portugal não é atractivo ao investimento, tanto o estrangeiro como o nacional, muito por força da insegurança de leis e de taxas; ou seja, um empresário racional não investe num país em que as regras mudam todas as segundas, quartas e sextas, tanto ao nível das obrigações legais e das licenças, como ao nível das taxas e onde, para cúmulo, a Justiça tarda a fazer-se. Pois que a ameaça de renovação da lei do tabaco mais não faz do que consagrar princípio sagrado o que atrás enunciei, para quantos pudessem eventualmente ter algumas dúvidas. Resumindo: um empresário da restauração gastou uns milhares de euros para que o seu espaço estivesse conforme com a legislação e, pouco tempo depois, eis que surge do nada uma nova lei que o manda fumegar, sem mais, todo o investimento realizado. Acaso não ocorre ao legislador que isto é apenas mais um exemplo - que qualquer investidor potencial tomará em conta - da loucura legislativa vigente? Será que o legislador fuma coisa outra que não o simples tabaco?

Segunda-feira, 16 de Janeiro
Não há dúvida de que a Direita a que temos direito tem a sua graça. Ao melhor estilo de Sócrates, Paulo Portas declarou que a última revisão em baixa da notação da República "pode custar alguma credibilidade" à Standard & Poors. Os extraordinários ministros do governo socialista não diriam melhor. Ao mesmo tempo, confrontado com mais uma nomeação milionária na carreira de Celeste Cardona, desta feita para a EDP, fonte do agrupamento centrista citada hoje pelo i respondeu como segue: "O CDS é um partido institucional. Não comenta convites privados para órgãos privados em empresas privadas". E isto perante um tacho que - pasme-se! - o próprio dr. Catroga jurou ao Expresso não entender. Agora a sério: pensarão as criaturas que nós somos todos parvos?

Pedro Guedes da Silva