domingo, 23 de janeiro de 2011

CONHECER AS RAÍZES

Evidentemente, a Grécia antiga — a Grécia admirável dos filósofos, dos sábios, dos oradores, dos artistas — cai vítima do seu individualismo substancial, da sua orgia de liberdade, do culto abusivo e desmedido do homem isento de cadeias e disciplinas, do homem ilusoriamente considerado «medida de todas as coisas»...
Nem por isso se negará o alto papel desempenhado pela civilização grega na marcha da História Universal. Nem por isso se contestatrá a legitimidade com que Gonzague de Reynold assinala que «o sentimento pan-helénico (no período da resistência heróica aos invasores persas, no período de Maratona, de Salamina, de Plateias, de Mícale) foi a primeira forma de sentimento europeu — de uma Europa conscientemente oposta a uma Ásia». E é por isso que, com o eminente professor de Friburgo, também, apesar de tudo, nos parece legítimo ver, sobretudo na Grécia do século V, por muitas razões fundamentais — a
Proto-Europa...
JOÃO AMEAL
(1902 — 1982)