segunda-feira, 12 de outubro de 2009

POR FALAR EM HOMENS CULTOS...

Pensador verdadeiramente pessoal e forte, Fradique Mendes não deixa um obra. Por indiferença, por indolência, este homem foi o dissipador de uma enorme riqueza intelectual. Do bloco de ouro onde poderia ter talhado um monumento imperecível — tirou ele durante anos curtas lascas, migalhas, que espalhou às mãos cheias, conversando, pelos salões e pelos clubes de Paris. Todo esse pó de ouro se perdeu no pó comum. E sobre a sepultura de Fradique, como sobre a do grego desconhecido de que canta a Antologia, se poderia escrever: — «Aqui jaz o ruído do vento que passou derramando perfume, calor e sementes em vão...».
EÇA DE QUEIROZ
(1845 — 1900)