sexta-feira, 11 de setembro de 2009

AS SINISTRAS ARTES A QUE TEMOS DIREITO

A partilha das artes já está feita, de comum acordo e com muito senso-comum (abaixo de bom-senso e de bom-gosto, portanto). Há cinquenta anos. Pois é. Ainda no Estado Novo, a criação artística foi entregue, de bandeja, à esquerda (comunistas, católicos progressistas e outros artistas). Pensaram — alguns brilhantes estrategas pré-marcelistas — que, assim, a esquerda não conspiraria politicamente e se manteria entretida. O resultado viu-se. Entrou-nos pela casa dentro...!
Coisa triste, esta, de entender as artes como algo de acessório, sem perceber que as revoluções políticas são sempre precedidas de revoluções culturais. A esquerda sabe-o e pratica-o. Por outro lado, a direita-torta a que temos direito, passou a dedicar-se, nestas coisas das artes, às antiguidades. Conservadora que é, faz conservação e restauro. Restauro de trecos, entenda-se, que a Restauração Nacional dá muito trabalho!
O resultado prático desta situação continua: as novas gerações são formadas e formatadas esteticamente pelos símbolos produzidos pela esquerda — da Arquitectura ao Cinema, da Pintura ao Teatro —, e os meninos e meninas da «não-esquerda» entretêm-se nos salões de velharias...