sábado, 3 de janeiro de 2009

DA METAPOLÍTICA

O Paulo Pinto Mascarenhas troca o blogue Atlântico por um novo jornal diário. Sendo ele o mentor do referido blogue colectivo, parece-me que o mesmo se irá finar naturalmente, pois os projectos de equipa precisam de leaders, e o resto é conversa. Lamento. Embora não me reveja nas posições políticas do Atlântico — a minha direita é outra —, constato que se abre, assim, uma brecha na frente de batalha da guerra das ideias contra a ditadura cultural da esquerda. Acreditando eu que as conquistas culturais antecedecem as vitórias políticas — a História demonstra-o —, e não tendo eu dúvidas sobre ser a blogosfera o terreno indicado para esplanar as propostas incorrectas — vedadas, censuradas ou alteradas pelo todo-poderoso pensamento único —, fazendo-as chegar às pessoas certas nas versões originais, parece-me uma retirada não-estratégica abandonar o campo de combate cultural do futuro e trocá-lo por esses meios de comunicação convencionais — em breve ultrapassados — que são os jornais. Os jornais foram as principais armas metapolíticas do início do século XX, para o bem e para o mal, e produziram resultados no desgaste, primeiro, e na conquista, depois, do poder político. De Portugal à Rússia, de França aos E. U. A., da Alemanha à Itália, e por aí fora, em sucessivas mudanças de regimes e sistemas, antecedendo-as sempre. Não vale a pena recuar aos séculos XVIII e XIX e falar na importância das gazetas e dos panfletos, da enciclopédia e dos livros, nas revoluções e contra-revoluções. Venham dizer-me que o povo não sabia ler, que respondo já por antecipação que sabiam os chefes políticos e eram esses os principais destinários, enquanto condutores de povos e nações. À laia de referência bibliográfica legitimadora deste meu discurso, este é o momento certo para tirar Gramsci da manga.
Agora, no início do século XXI, o papel metapolítico está reservado aos blogues — principalmente aos que se assumem políticos —, porque — cá para mim — não há verdadeira política sem cultura, como já se percebeu por esta lenga-lenga toda. Aliás, a conversa já vai longa para um blogue pessoal... Um abraço de boa sorte para ti, Paulo, nesse teu novo projecto.