quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A ESFINGE

Para Teixeira de Pascoaes
Até quando? Até quando iremos enganados,
A caminho do impossível horizonte,
Com um sinal de cinza sobre a fronte,
Inutilmente sensíveis e alados?

Até quando libaremos pelas taças dos mundos
Toda a maré de horror dum subterrâneo mar;
E entornaremos flores no cadáver do luar,
Cadenciados e jucundos?


Até quando teremos, como prémio, o castigo
Dos loiros triunfais, do ceptro de comando,
Num país que não vemos? Até quando? Até quando?


— Mas a esfinge é divina e o segredo é consigo.

ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA
(1923 — )