domingo, 5 de agosto de 2007

MEMÓRIA VERSUS RECORDAÇÃO

A recordação não tem apenas que ser exacta; tem que ser também feliz; é preciso que o aroma do vivido esteja preservado, antes de selar-se a garrafa da recordação. Tal como a uva não deve ser pisada em qualquer altura, tal como o tempo que faz no momento de esmagá-la tem grande influência no vinho, também o que foi vivido não está em qualquer momento ou em qualquer circunstância pronto para ser recordado ou pronto para dar entrada na interioridade da recordação.
In Vino Veritas, Kierkegaard, tradução do dinamarquês por José Miranda Justo, edição Antígona, Lisboa, 2005.