quarta-feira, 9 de maio de 2007

DA LITERATURA PARA O CINEMA

Como bem sabem os meus cinéfilos leitores, os recursos de pontuação utilizados na língua escrita, para a tornar mais clara ou expressiva (de que tivemos um excelente exemplo no postal anterior), têm paralelo na montagem cinematográfica, que usa a pontuação como complemento fundamental na sua missão estética de criar um sentido para as imagens em movimento (que elas, isoladamente e objectivamente, não têm). Isto faz-se no momento da colagem dos planos, quais palavras soltas em busca de se organizarem em frases, e essa junção das pontas de dois cortes é rematada por sinais de pontuação visual (corte-simples, fundido, encadeado). Estamos perante o corte-e-costura — o lado feminimo do Cinema; e por isto mesmo entregue — desde sempre, da Europa a Hollywood e do Mudo ao Moderno — a grandes senhoras, que libertaram verdadeiramente o Cinema das outras Artes, através do uso criativo da Montagem.