quarta-feira, 4 de abril de 2007

AUTOBIOGRÁFICO

Maisons-Laffite é parecido com um parque de manutenção semeado de moradias, jardins, avenidas de tílias, relvados, canteiros, repuxos nas praças. O cavalo de corridas e a bicicleta eram senhores. Jogava-se o ténis na casa uns dos outros, num mundo burguês que o caso Dreyffus dividia. O Sena, a álea de manutenção, o muro da floresta de Saint-Germain para onde se entra por uma pequena porta, recantos abandonados onde se pode brincar aos detectives, o campo escavado, os retiros em caramanchão, a feira da aldeia, o fogo-de-artifício, as proezas dos bombeiros, o Castelo de Mansard, as suas ervas daninhas e os seus bustos de imperadores romanos, tudo isto proporcionava à infância o domínio favorável para alimentar a ilusão que é viver-se em locais únicos no mundo.
JEAN COCTEAU
(1889 — 1963)
[Nota1: Por razões muito cá de CASA, não indicarei, para já, o autor destas palavras.]
[Nota2: Nome do autor revelado em 5.4.07.]